Vídeo: Moradores registram infestação de gafanhotos no povoado de Taboca

Ao Pohoje, Daniela que é doutora em Entomologia pela UFV/MG e pós-doutoranda na Miami University – Ohio, USA explica a espécie que está no povoado.

Moradores do povoado de Taboca, município de Presidente Olegário, registram uma infestação de gafanhotos na comunidade e em local próximo. Segundo eles, os insetos começaram a aparecer há cerca de duas semanas e estão tomando conta de algumas plantações.

Um dos moradores do povoado afirmou ao Pohoje que não lembra de ver algo parecido no povoado. Ele disse que os gafanhotos estão destruindo tudo e se não combater logo a destruição será ainda maior. Vídeo abaixo:

A Prefeitura de Presidente Olegário, através do Setor de Endemias informou que na sexta-feira (09/05) fez aplicação de inseticida nas proximidades da escola do povoado e já solicitou mais inseticida pra aplicar em toda a comunidade.

Em contato com o Pohoje, a Dra. Daniela Santos Martins Silva, doutora em Entomologia pela Universidade Federal de Viçosa/MG e pós-doutoranda na Miami University – Ohio, USA, disse que o gafanhoto no povoado de Taboca é o Tropidacris collaris também conhecida em algumas regiões como tucurão, é considerada uma espécie praga ocasional. Está distribuída no ambiente a partir de áreas montanhosas da Colômbia, passando pelo Brasil até a Argentina. No Brasil, podem se encontradas próximas a matas fechadas, florestas até áreas secas do Cerrado e da Caatinga. Os indivíduos desta espécie de gafanhoto são de grande tamanho: 5 a 7 cm para os machos e 8,5 a 10,5 cm para as fêmeas. Quando muitos indivíduos estão juntos, formam bandos que são capazes de desfolhar completamente as plantas atacadas, deixando apenas as nervuras centrais. Porém, a formação destes grandes grupos é temporária, ou seja, duram poucos dias. Outra característica é o seu pouco deslocamento, não chegando a voarem para regiões distantes, pois percorrem apenas curtas distâncias.

De acordo com a Dra. Daniela Santos Martins Silva, com as poucas informações disponibilizadas sobre essa espécie, há apenas uma geração por ano e durante a estação seca, os adultos se deslocam para áreas úmidas ou plantações. Essa espécie de gafanhoto pode se alimentar de várias plantas: folhas e frutos do coqueiro, abacateiro, bananeira, mandioca, limoeiro, algodoeiro, mangueira, seringueira e, as vezes, cana-de-açúcar e arroz. Por causa de sua capacidade de se alimentar de diversos tipos de plantas, o gafanhoto Tropidacris collaris têm, em certos locais e épocas, uma considerável importância econômica, prejudicando a produção agrícola das culturas que sofrem seus ataques.

“A maioria dos pesquisadores concorda que se trata de uma espécie altamente polífaga (se alimentarem de muitas espécies de plantas diferentes) e danificam a folhagem de uma grande variedade de plantas, especialmente árvores. Embora se tenha registro da espécie se alimentando de diversos tipos de plantas, o conhecimento sobre a sua biologia, ainda é incompleto e fragmentado. Justamente por não termos as informações básicas sobre a biologia e desenvolvimento desse gafanhoto, não temos diretrizes estabelecidas para as medidas de controle”, destacou a  entomologista.

Ainda de acordo com a Dra. Dra. Daniela Santos Martins Silva, para o controle de gafanhotos no Brasil, há poucas informações e manuais atualizados. Assim, as ações de controle de gafanhotos no país são historicamente realizadas de forma pontual, de acordo com eventos de surtos populacionais em locais específicos. Um exemplo foi o ocorrido no ano de 2020, após a constatação do risco de surto de gafanhotos da espécie Schistocerca cancellata. Neste caso, o Governo Federal estabeleceu diretrizes e autorizações para o controle emergencial da espécie Schistocerca cancellata que, à época, causava danos em plantações na Argentina e representava um grande risco adentrar o Brasil, nos estados do Rio Grande do Sul e Santa Catarina.  Estas diretrizes e autorizações foram apresentadas pelo Ministério da Agricultura, Pecuária e Abastecimento através da Portaria GM/MAPA nº 208/2020. Contudo, mesmo neste caso envolvendo essa outra espécie de gafanhoto, as ações foram estabelecidas por um período de apenas um ano.

O surgimento desses gafanhotos em grande número chama a atenção para a necessidade de se conhecer melhor a espécie Tropidacris collaris. Como ainda existem poucas informações sobre seu comportamento e ciclo de vida, os produtores acabam tendo dificuldade de agir de forma rápida e eficiente. Por isso, é importante que casos como esse sejam acompanhados de perto pelos órgãos públicos responsáveis e que sirvam de alerta para que haja mais pesquisas e ações de prevenção no futuro.

A entomologista cita um manual de procedimentos de controle da espécie de gafanhoto Schistocerca cancellata. Clique aqui e veja o manual de procedimentos gerais para o controle da praga.

Clique aqui e veja a portaria do Ministério da Agricultura/GM/MAPA nº 208/2020.

 

 

POHoje - Todos os direitos reservados - Desenvolvido por KAMP