Educação: Prefeitura não oferece transporte escolar e estudantes andam à cavalo e a pé quase 8 km

Estradas são recuperadas a moda antiga “na enxada”
Estudante saindo de casa por voltas das 3h para ir a escola
Estudante saindo de casa por volta das 3h para ir a escola

Educação é direito garantido a todo cidadão. Mas, para ter acesso a esses direito, muitos alunos que moram na zona rural de Presidente Olegário, precisam superar dificuldades e percorrer quilômetros em condições, muitas vezes, precárias na busca pelo conhecimento.

Eles residem na zona rural, região da Bananeira, a cerca de 26 km de Presidente Olegário. Para chegar à escola precisa andar à cavalo e a pé até o ponto do ônibus que faz o transporte escolar, disponibilizado pela prefeitura.

De segunda a sexta-feira, Alex José Ferreira de 14 anos levanta às 3h da manhã para ir à escola. Ele anda à cavalo ou mula cerca de 5 km para chegar a Fazenda Reino Encantado onde deixa o animal.

Na Fazenda Reino Encantado Alex Ferreira que cursa o 6º Ano do ensino fundamental na Escola Municipal Professora Carmem Celina é esperado pelos colegas Guilherme Santos 16 anos, 1º Ano do ensino médio da Escola Estadual Padre José André e Gustavo Santos de 9 anos, do 3º Ano do ensino fundamental da Escola Municipal Professora Carmem Celina para juntos caminhar mais três km e chegar ao ponto do ônibus.

O trabalhador rural Onofre Santos pais de Guilherme e Gustavo disse que a preocupação é grande principalmente quando chove e o córrego enche.”Tenho medo que eles tentem atravessar enquanto eles não chegam a preocupação não acaba” disse Onofre.

Com isso, o sonho de estudar vai ficando cada vez mais distante. “Sei que ficar sem ir à escola me prejudica já até parei de estudar. Depois os outros têm uma profissão e eu estou na roça. E eu não quero ficar para sempre na roça”, reclama Alex Ferreira.

O estudante que tem sérios problemas de saúde e sonha em ser engenheiro agrônomo e ser alguém na vida diz sentir-se prejudicado pela situação. “Essas dificuldades atrapalham meu desempenho na escola e na minha saúde. Sem contar que também perdemos várias aulas”, disse Alex Ferreira.

A professora de Português, Iêda Pinheiro disse que o aluno Alex faz de tudo para aproveitar o tempo na sala de aula e aprender. “Ele esta fora da faixa etária dos demais, a escola empenhou em dar total atenção a Alex para que o mesmo aproveite o seu tempo para recuperar o que ele já perdeu” disse a professora.

Esse cotidiano desses três jovens acontece desde que seus pais mudaram para trabalhar nas fazendas. Isso acontece segundo o senhor Valderi Aniceto é porque a Prefeitura não arruma estrada na região ai o ônibus não chega mais próximo. “A estrada aqui é recuperada a moda antiga na enxada” desabafou o trabalhador rural.

“Já procurei a Prefeitura, Secretária de Educação e o Conselho Tutelar ninguém nunca nos atende. Sempre dizem a mesma coisa não temos máquinas suficientes, meu patrão já propôs parceria para recuperar as estradas e nada até hoje”, disse Valderi Aniceto.

Pai do estudante Alex - Senhora Valderi Aniceto
Pai do estudante Alex – Senhor Valderi Aniceto

De acordo com o trabalhador rural é promessa encima de promessa. “Toda vez prometem e nunca sai da conversa. Enquanto isso nossos filhos são prejudicados porque é cansativo pra eles levantar essas horas, estudar e chegar quase na hora da janta” desabafou Valderi.

O trabalhador rural disse que levou o caso para o Conselho Tutelar por serem menores para tomar providência e até o momento não teve nenhuma resposta. A Conselheira Dilma disse a reportagem que encaminhou o caso para o Ministério Público em setembro de 2014 e aguarda decisão.

A Secretaria de Educação Girlene Firmina disse que tomou conhecimento do caso após notificação da promotora de justiça. De acordo com a secretária o transporte escolar só poderá ser providenciado depois que a estrada for arrumada. “O município esta passando por dificuldades financeiras o que pode pode atrasar o atendimento nesse caso. “Temos 38 linhas no transporte escolar e o governo federal só repassa R$ 80 mil por ano e o município gasta mais de R$ 180 mil com o transporte” declarou Girlene Firmina.

O Secretário de Estradas Zé Bodoque disse que não tem uma solução para o caso de imediato.  Esta é obra não é feita de uma dia para outro requer um gasto grande devido o terreno ser muito acidentado. Não podemos deixar os outros cantos do  município para atender só essa região” declarou. O Secretário não soube precisar se a recuperação da estrada será feita este ano.

Presidente Olegário Hoje procurou o Ministério Público (MP). A promotora Dra. Vanessa Dosualdo que esta respondendo este ano pelo MP disse que nesta quarta-feira (11) terá uma audiência com os envolvidos para solucionar o problema. Ainda segundo o MP depois de ouvir todos e não houver uma solução o caso poderá transformar em uma Ação Civil Pública.

Equipe da TV Integração teve que ir chegar ao local a pé
Equipe da TV Integração teve que chegar ao local a pé
Depois de quase cinco Km Alex esta chegando na fazenda dos amigos para andar mais 3 km a pé
Depois de quase cinco Km cavalgando Alex esta chegando na fazenda dos amigos para andar mais 3 km a pé
Senhor Onofre com os dois filhos esperando a chegada do colega Alex para continuar a caminhada até o ponto de ônibus
Senhor Onofre com os dois filhos esperando a chegada do colega Alex para continuar a caminhada até o ponto de ônibus
Os três estudantes depois de km a pé chegando no ponto do ônibus
Os três estudantes depois de kms a pé chegando no ponto do ônibus
Estudantes embarcando no ônibus
Estudantes embarcando no ônibus
Foto: Valderi recuperando a estrada na enxada
Foto: Valderi recuperando a estrada na enxada

Veja a matéria no g1.globo.com.

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